terça-feira, 24 de março de 2009

SÉCULO XX - DÉCADA DE 70

Carta Renúncia de Jânio Quadros


"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta Nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social a que tem direito seu generoso povo. Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração.

Se permanecesse, não manteria confiança e tranqüilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro assim com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir esta pátria.

Brasília, 25 de agosto de 1961.


Jânio Quadros.

APÓS ESTA CARTA, JANIO QUADROS RENUNCIA O GOVERNO DO BRASIL E VAI PARA O EXÍLIO



FAÇO AS SEGUINTES COMPARAÇÕES ENTRE A CARTA DE JANIO QUADROS E GETÚLIO VARGAS:


EMOÇÃO

Nos dois casos, há uma forte carga de emoção, até porque os personagens em tela ( GETÚLIO VARGAS E JÂNIO QUADROS) estavam tomando decisões importantes, não somente na vida deles com consequências para o destino do Brasil. Ademais, tanto na carta testamento de Getulio como na carta Renúncia de Jânio, tais escritas precediam um ato angustiante dar fim ao mandato de presidente da República.

PRESSÃO

Ambos demostram nas entrelinhas que estão sofrendo grande angústia por não conseguirem realizar o governo como pretendiam, acusam que estão tomando esta atitude por causa de interesses estrangeiros e internos que gladiam contra os interesses populares, todavia, tanto Getulio quanto Jânio não dão nomes aos autores dos seus tormentos, mas em Getúlio há um tom de firmeza, de que é destemido, se mostra abnegado, sem recentimentos, há até similaridades com a obra de Cristo, quando Getulio oferece perdão aos seus inimigos e dedica o seu sangue para "salvar" a união nacional. Jânio, por sua vez, parece amedrontado e acena para as forças armadas, dando a entender que esta com medo de represálias futuras.

APELO NACIONAL

Estas cartas à nação tem o intuito de demonstrar amor a pátria e aos brasileiros e que a saida da presidência é uma demonstração de que esão fazendo isso visando o bem estar da nação, talvés para evitar uma desintegração nacional. Jânio se dirige aos brasileiros como A GRANDE FAMÍLIA.

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